Missão rima com visão e ação, e as duas palavras andam bem distantes da maioria das igrejas evangélicas brasileiras, segundo especialistas em missiologia. Mesmo com o acelerado crescimento numérico dos que professam a fé evangélica no país, que seriam quase 20% dos brasileiros de acordo com projeções baseadas em dados oficiais, o envolvimento dos crentes nacionais com a obra missionária, em todas as suas instâncias – seja social ou evangelística –, segue a passos bem mais lentos que o possível.
O conhecimento das demandas missionárias é exposto em cada campanha ou congresso. Testemunhos são derramados nos púlpitos, levando a muita comoção e decisões pessoais. Passado algum tempo, contudo, os compromissos assumidos por um maior envolvimento com a obra de evangelização e intervenção social se esfriam e a missão de alcançar o mundo com o amor de Cristo fica a cargo dos missionários de carreira – isso quando obreiros enviados não são simplesmente esquecidos no campo. “Infelizmente, o jargão de que cada cristão é um missionário está sendo esquecido. “O serviço acaba concentrado nas mãos de profissionais.”
DISCURSO E PRÁTICA
O que parece evidente na paradoxal situação da Igreja brasileira, um contingente com enorme potencial humano e financeiro, mas pouco utilizado quando o assunto é o “Ide” de Jesus, é que a miopia missionária passa pela liderança – uma barreira difícil de ser transposta, conforme relatado por gente que trabalha em ministérios e departamentos específicos. Essa tendência à inação, alimentada pela valorização de outras prioridades, acaba contaminando o rebanho. Quando a visão do líder não passa das paredes do templo, dificilmente a igreja desenvolve alguma intervenção importante, até mesmo em sua comunidade. “De fato, quando o dirigente tem visão e é entusiasmado com a obra missionária, a igreja tende a acompanhá-lo. Da mesma forma, o inverso é verdadeiro. Entretanto, há algumas exceções; quando a igreja possui promotores de missões, esses batalhadores realizam verdadeiros milagres”.
Acontece que a própria estrutura de funcionamento das igrejas, muitas vezes baseado em decisões de poucas pessoas, quando não apenas de um líder centralizador, torna ainda mais difícil o convencimento de que a missão é de toda pessoa que um dia recebeu a Cristo como Salvador. “Dentro do atual quadro religioso brasileiro, creio que o nosso exacerbado clericalismo é um enorme obstáculo para uma compreensão e prática da obra missionária em termos de missão integral”. Mas as barreiras para se desenvolver uma ação missionária mais eficiente, ainda que possam nascer no clero, também são agravadas pelo perfil do crente contemporâneo. “Hoje, grande parte dos membros de nossas congregações é constituída mais por assistentes passivos e clientes em busca de produtos religiosos do que irmãos e irmãs na fé com forte compromisso e prática missionária, especialmente em suas atividades cotidianas no mundo secular onde vivem e trabalham”.
MOBILIZAÇÃO
Do tripé normalmente exposto nos eventos temáticos de missões (“contribuir, orar e ir”), em geral só se desenvolve mais efetivamente o primeiro, e ainda assim em patamares muito abaixo do que as igrejas poderiam fazer. Um levantamento feito Missão Horizontes apontou que o investimento médio per capita do crente brasileiro em missões durante um ano inteiro é menor do que o preço de uma latinha de Coca-Cola – algo em torno de irrisórios R$ 2,50.
Percebendo o contraditorio em Missões.
Como as igrejas gastam o seu dinheiro.
- De toda a receita mensal 95% são gastos com atividades domesticas na igreja.
- Algumas aplicam: 4,5% no campo missionário.
- Aos povos não alcançados gastam 0,5% da receita mensal.
Ora, se ministerios só estão fazendo exuberantes templos em cidades muito desenvolvidas, gastando grandes somas de dinheiro, ficando para depois a obra missionária; então alcançar outros povos, mesmos os do Brasil, não é mais relevante. O status de pastores fica em primeiro lugar, não a obra de missão, não o missionário; lembrando que há municipios de população aproximada de 3000 habitantes, que estão esquecidos, e apenas algumas unidades de igrejas continuam lá, sem estrutura aos seus membros, porque não dá retorno financeiro.
Se um pastor centralizador acabar com um trabalho missionário tão importante para esse ministerio, o que resta é o caos administrativo e desconfiança financeira, causando desanimo e a obra local se torna resumida a alguns membros; não há novidades.
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